Uma vista ao Patrimônio Industrial de Meleiro
- Seguindo Clio
- 29 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 2 de ago. de 2020
Andiéle de Souza Baranoski;
José Expedito Zeferino;
Tatiane Beretta.
Pretendemos com esse roteiro, conhecer a trajetória de algumas localidades de nossa região, isso é importante para que tenhamos consciência das pluralidades que envolveram as vivências dos sujeitos pertencentes a esses espaços. Nesse roteiro, traremos alguns ofícios presentes na cidade de Meleiro, que na busca pelo crescimento econômico, incentivaram diversos processos de industrialização. Convidamos você leitor, a percorrer os caminhos de Meleiro e conhecer conosco algumas dessas atividades.

No sul de Santa Catarina, após um tempo do início da imigração dos europeus, algumas pessoas passam a ocupar a localidade de Meleiro, estabelecendo-se as margens do Rio Manoel Alves. Com descendência luso-brasileira, o casal Bartolomeu Rocha e Celina Rocha, são tidos segundo a narrativa do livro “Meleiro: seu povo, seus costumes e suas histórias” de 2001 com autoria de Fanir Alexandre Ronchi, como os primeiros moradores da localidade, chegando aqui por volta de 1882, junto com outros familiares. Com isso, os primeiros imigrantes italianos só vão chegar na localidade anos mais tarde.
A trajetória da cidade Meleiro inicia-se como pertencentea Campinas do Sul, atual Araranguá. No ano de 1925 a localidade foi reconhecida como distrito. Anos mais tarde, em 1938, passou a ser considerada uma vila. No ano de 1958, passa a pertencer ao município de Turvo. E somente em 1961, a localidade recebe o título de município do estado de Santa Catarina, elegendo como prefeito Edvar de Pelegrini, nomeado por Celso Ramos, governador do estado de Santa Catarina.
Os eventos colocados a cima, demonstram que a economia da cidade de Meleiro fundou-se dentre outras atividades, por meio da industrialização. Com a colonização e as necessidades dos moradores sendo colocadas, a cidade cresceu e fomentou a economia por meio do trabalho fabril. Esses aspectos da cidade, ficam evidentes observando as edificações construídas com essa finalidade. Convidamos você leitor a conhecer algumas dessas edificações e suas trajetórias.
Com o aumento populacional, o surgimento dasestruturas industriais cresceu na cidade. Uma dessas estruturas foi a fábrica de banha dos irmãos Nápoli, família já consolidada em Nova Veneza, que com o intuito expandir os negócios, já bastante produtivos na cidade, fundam no município de Meleiro, uma extensão da fábrica de banha que obtinham em Nova Veneza. Dall'alba (1997, p.306), em seu livro Histórias do grande Araranguá, por meio de uma entrevista cedida por Júlio Squizzatto,no ano de 1986, aponta a influência da família Napoli na cidade. “Influencia grande para a criação da Vila foram os irmãos Napoli, [...]. Contam que eles dominaram essa colônia, com seu comércio, sua política [...]” A banha fabricada por eles era levada até Maracajá, de lá seguia para Laguna e por fim chegava ao Rio de Janeiro.
Após a emancipação, o comércio de banha, tão importante por empregar dezenas de funcionários, passa por uma crise e fecha as portas. Foi então que os moradores da localidade passaram a explorar outro produto, o arroz, que até então era visto como um grão secundário, já que o milho tinha uma importância maior a população, mas que acabou se tornando a principal fonte de renda do município até os dias atuais.

Da antiga fábrica de banha, ainda permanece na localidade a antiga chaminé. (foto de Nathália Frigo Pasini. Foto encontrada em: Espaço de Apoio à cultura e economia do pequeno produtor em Meleiro – SC.) Acesso em julho de 2020.
Após o encerramento das atividades, a estrutura da fábrica ainda veio a ser reutilizada, segundo Pasini, “[...] após anos desativada, teve parte de sua estrutura reutilizada para o engenho de arroz que foi construído próximo a antiga estrutura, sendo ampliado e reformando, permanecendo até os dias de hoje. (2018, p. 15).
Além da fábrica de banha, os irmãos Napoli, também foram detentores de uma casa de comércio, situada em frente a fábrica. Construída na década de 20, esta permanece enquanto edificação junto ao patrimônio da cidade.

Destacamos que a fábrica de banha dos irmãos Napóli não foi a única existente, em frente a ela veio a ser construída uma pertencente a família Coral. Ugo Coral, entrevistado por Dall'alba (1997), em novembro de 1986, afirma que: “Colocamos uma casa de comércio e fábrica de banha,[...], os Napoli também tinham, em frente.” (p. 313)
Por possuir uma geografia favorável, Meleiro recebe a criação da primeira empresa de energia. José Fermino Leitão, que fixou residência em 1923 em Araranguá, montou uma fábrica de café na cidade. Para poder trabalhar a noite, comprou um gerador de porte pequeno. Mais tarde, Leitão buscando melhorar sua produção, compra um gerador maior, mais encontra problemas por Araranguá possuir uma geografia plana. Como alternativa, ele transfere o gerador para Meleiro.
Com problemas na transmissão de energia, ele constrói uma rede de 20 km com a ajuda dos moradores e do padre Antônio Dias no financiamento do projeto e 1938 era inaugurada a usina elétrica de Meleiro, localizada no atual bairro Jardim Itália.A usina abasteceu Meleiro enquanto distrito e a cidade de Araranguá até meados de 1951. Logo depois, Araranguá cria a empresa de eletricidade “Força e luz de Araranguá”, com isso a usina meleirense permanece em funcionamento até meados de 1966. Após isso, por interferência do governador Celso Ramos e a pedido de outros municípios da região, criou-se a “Cooperativa de Eletrificação Rural de Turvo”.








Fotos de José Expedito Zeferino. Julho de 2020.
Dialogando com a Clio: mãos a obra!
a) Após revisitarmos a cidade de Meleiro e conhecer algumas funções que foram exercidas pelos moradores da cidade. Convidamos você, a propor para a sua família, um passeio pela cidade, vistando essas edificações e partindo das informações que aprendeu com esse roteiro, possa contar para sua família a história do patrimônio Industrial de Meleiro.
b) Após retornar para o ambiente escolar, em uma roda de conversa, os alunos e alunas deverão promover um debate com suas conclusões acerca do patrimônio Industrial da cidade.
REFERÊNCIAS
PASINI, Nathália Frigo. Espaço de Apoio à cultura e economia do pequeno produtor em Meleiro – SC. Trabalho apresentado a disciplina de TC-I do curso de Arquitetura e Urbanismo. Universidade do Extremo Sul Catarinense. 26 de Junho de 2018.
RONCHI, Fanir Alexandre. “Meleiro: Seu povo, seus costumes e suas histórias”. 1° Edição. 2001.
A história da imigração e sua(s) escrita(s) [e-book]. / Orgs. Eloísa Helena Capovilla da Luz Ramos, Isabel Cristina Arendt, Marcos Antônio Witt. – São Leopoldo: Oikos, 2012.
DALL´ALBA, João Leonir. Histórias do grande Araranguá: Gráfica Orion. 1997
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