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De moradia a museu: Casa do Agente Ferroviário

  • Foto do escritor: Seguindo Clio
    Seguindo Clio
  • 21 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 2 de ago. de 2020

Camila Ghesi Alves


A Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina foi aberta por uma empresa inglesa em 1884, fazendo a ligação entre o porto de Imbituba à Lauro Muller. Ao longo de sua história, a ferrovia passou por diversas administrações, e em 1996 foi privatizada pelo Governo Federal. Durante os mais de 135 ano da ferroviária, foram construídas algumas estações de trem para o carregamento do carvão. (GIESBRECHT, 2012).

Também foram construídas ao longo da estrada de ferro diversas casas nas principais estações, na qual moravam os ferroviários. As casas, todas de um mesmo padrão, serviam de abrigo para aqueles que trabalhavam na ferrovia, e hoje guardam histórias de um tempo não muito distante, mas que revelam a dura realidade daqueles que tentavam ganhar a vida na extração do carvão no sul de Santa Catarina.

Após mudanças na forma de administrar a ferrovia, as casas foram desocupadas e cada uma passou a ter um destino diferente. Em Içara, a casa do agente ferroviário foi construída na década de 1920. Localizada no centro da cidade, foi tombada pela prefeitura do município em 2010. Hoje leva o nome de Casa do Agente Ferroviário Anselmo Cargnin, em homenagem ao último agente que morou na casa. (IÇARA, 2012). Após uma reforma em 2017, o atual museu reúne memórias dos moradores da cidade, bem como objetos utilizados na ferrovia.

Construída também na década de 1920, a casa do agente ferroviário de Criciúma foi demolida em 1995 pela empresa responsável pela construção do terminal central da cidade. Após acordo judicial, a empresa foi obrigada a reconstruir a casa, tornando-se o Memorial do Agente Ferroviário Mário Ghisi. Hoje, o Memorial guarda recordações da ferrovia e da história do carvão (GIESBRECHT, 2012).

Já na cidade de Cocal do Sul, a Estação Ferroviária localiza-se a margem da cidade, próximo ao rio Cocal do Sul. Não há registro da data de construção, mas estima-se que tenha sido em meados dos 1920. Em 2010, em comemoração ao centenário da cidade de Morro da Fumaça, a casa do agente ferroviário, foi parcialmente reformada. Por estar mais afastada do centro da cidade, a casa não recebe muitos visitantes.

Ambas casas foram reformadas - e/ou reconstruídas - há poucos anos, porém, devemos perceber que esses patrimônios estão sendo “engolidos” pela urbanização. É fato que o processo econômico da cidade, junto com o aumento populacional afeta o passado de toda a cidade, mas seria possível crescer a capitalização dos municípios sem que afetasse os monumentos históricos? É perceptível que as estruturas de ambos museus aqui citados estão em meio a edificações mais modernas, que cresce dia após dia, afoga os “pequenos” restos da história dessas cidade. Para Eduardo Roberto Jordão Knack, “a busca pela modernização, visando o crescimento econômico e urbano da cidade para transformá-la em um centro regional, orientou as políticas de desenvolvimento urbano, impulsionando a construção de edifícios modernos e verticais, que acabaram tornando-se símbolo do progresso urbano.” (p. 27, 2007) Sendo assim, pequenas partículas da história podem atrasar o enorme relógio capitalista, não levando em consideração que tais estruturas estão ligadas a nossa herança histórica, e que devemos nos conscientizar para não apagar essas poucas migalhas que sobraram do nosso passado, mesmo que ainda tão presente em nosso cotidiano.



Local

Rota pela Casa do Agente Ferroviário Anselmo Cargnin de Içara

Memorial do Agente Ferroviário Mario Ghisi de Criciúma

Estação Ferroviária de Cocal do Sul – Santa Catarina.


Localização

Casa do Agente Ferroviário Anselmo Cargnin - Içara

Avenida Procópio Lima, Centro, Içara - SC, 88820-000















Memorial do Agente Ferroviário Mario Ghisi - Criciúma

Av. Centenário, 8075 - Centro, Criciúma - SC, 88801-050














Estação Ferroviária – Cocal do Sul

R. Eduardo Bergman, Morro da Fumaça - SC, 88830-000
















Fotos


Casa do Agente Ferroviário Anselmo Cargnin - Içara
























Memorial do Agente Ferroviário Maria Ghisi - Criciúma































Casa do Agente Ferroviário – Cocal do Sul































Dialogando com Clio: mãos à obra!


Após a visualização da Casa do Agente Ferroviário Anselmo Cargnin – Içara, o Memorial do Agente Ferroviário Mario Ghisi – Criciúma é possível perceber que ambas estão inseridas no centro das cidades, área de grande movimentação durante o dia. A Estação Ferroviária de Cocal do Sul, por outro lado, está à margem da cidade, o que levou a perder a atenção dos moradores. Podemos perceber que em ambas cidades os patrimônios estão “deslocados” da arquitetura atual e do cotidiano das pessoas. Deste modo, como podemos contribuir para evitar o apagamento destes importantes registros arquitetônicos?



REFERÊNCIAS

BORGES, Barsanufo Gomides. Ferrovias e modernidade. Revista UFG. Ano XIII nº 11. 2011.


GIESBRECHT, Ralph Mennucci. Estações Ferroviarias do Brasil. Disponível em <http://www.estacoesferroviarias.com.br/eftc/indice.htm> Acesso em 20 de junho de 2020.


IÇARA, Prefeitura Municipal. Educação patrimonial nos museus de Içara. Disponível em <icara.sc.gov.br/noticias/index/ver/codMapaItem/5702/codNoticia/306048> Acesso em: 20 de junho de 2020.


KNACK, Eduardo Roberto Jordão. Modernização do Espaço Urbano e Patrimônio Histórico. Dissertação de Mestrado; Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul. 2007.


KROETZ. Lando Rogério. As estradas de ferro de Santa Catarina. Dissertação de Mestrado; Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 1975.

 
 
 

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